JOÃO CASTILHO - HOTEL TROPICAL
A exposição acontece entre os dias 29/10/2011 a 26/11/2011 na ZIPPER GALERIA em São Paulo.
Sobre HOTEL TROPICAL
Há, durante as viagens, um momento de desligamento, um momento entre. Entre um lugar e outro, entre um dia e outro, entre um êxtase e outro, entre uma fotografia e outra. Esses hiatos acontecem em hotéis.
Esses hotéis têm sempre uma característica; edificações de cidades pequenas, eles escapam a lógica da globalização e fogem à uniformização e a padronização arquitetônica, decorativa e de serviços – mal que nos acomete.
São construções com identidades fortes, com peso próprio. Recebem nomes surpreendentes, são pintados de cores quase sempre improváveis, e têm uma decoração muito particular. São construídos em fases ao longo dos anos. As camadas de tempo vão se sobrepondo. A arquitetura vai adquirindo e absorvendo as decisões dos donos que, não raro, se mostram contraditórias. Em determinados casos podemos ver uma parte do prédio sendo demolida ao mesmo tempo em que outra parte é construída. São provas do tempo, o erro adere.
Isso faz com que esses edifícios tenham um aspecto único. Um hibridismo e uma mescla de estilos (estilos?). Justaposições de camadas, espaços estéreis, soluções criativas, desperdícios, aproveitamentos.
Hotel Tropical abarca essa arquitetura tropicalmente inventada no dia a dia. Uma arquitetura das soluções, das respostas, dos anseios, dos fracassos. Arquitetura da gambiarra, da diversidade, do acaso. Uma arquitetura estrábica. Para alguns uma anti-arquitetura, já que prescinde de projeto para se desenvolver. Ela é orgânica, viva, incerta, está sempre em construção, sempre estendendo seus tentáculos um nível acima, um cômodo abaixo.
Uma arquitetura errática. Uma arquitetura da cor. Hotéis tropicais são penetráveis, são labirintos, são desvios para o vermelho, o verde, o branco. São desvios para o desejo. Esse ensaio, construído em quatro atos - um azul, um verde, um amarelo/vermelho e um branco – se desdobra também nos projetos de montagem, onde os blocos de cor se reúnem em fotoinstalações. É a fotografia sendo tijolo, sendo tinta, sendo argamassa. Fotografia para construir, tropicalmente, entropicamente.
João Castilho
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