segunda-feira, 25 de abril de 2011


A fotógrafa Ruth Bernhard foi abençoada com a surreal habilidade de transformar e transfigurar objetos do dia-a-dia. Seu amigo fotógrafo, Ansel Adams, a descreveu como a maior fotógrafa de nu.
Ruth Nasceu em Werder, próximo a Berlim, em 1905. Seu pai, Lucian. Um artista de sucesso, estava preocupado com seu trabalho sem ter muito tempo para ser paternalista. Sua esposa o achava tão distante em razão do trabalho, que após dois anos o nascimento de Ruth, ela os deixou e se mudou para os Estados Unidos.
A jovem Ruth Bernhard foi confiada a uma família com duas filhas em Hamburgo e depois a um internato. Na falta de afeto humano, ela se voltou às bonecas, livros, natureza, poesia, animais – e à luz do sol, cujo o efeito sobre a grama a assombrava. “Eu era uma budista aos cinco anos de idade sem o saber”ela disse.
Ela achava relacionamentos românticos difíceis, e seu primeiro relacionamento não foi fácil por ele ser casado, o artista Gustav Adolph Schreiber, a qual, aos 37 anos, era 20 anos mais velho que Ruth. Mas a relação era ótima. Ele, era interessante e com senso de humor, era um mentor, e ela, em troca, era modelo para o trabalho dele no estilo “Kokoschka”.






Bernhard estudou arte em Berlim, seu pai se mudou para Nova York e estabeleceu-se com um estúdio. Depois de uma visita, ela se mudou também para lá em 1927m após telefonar para a sua mãe, que àquela época já havia retornado à Alemanha; Ruth a convidou para se encontrar com ela em um café em Berlim apenas para ouvir de sua mãe: “Me sinto péssima, sinto muito, mas minha cachorra está tendo filhotes e é impossível eu a deixá-la”- essa foi sua última conversa com sua mãe.
Bernhard aterrissou em New Jersey, e logo acertou o passo, aprendendo inglês e usando os contatos de seu pai. Ela também se apaixonou por uma artista casada, Patti Light. Elas se tornaram amigas – fotografando uma a outra – mas a amizade era platônica e terminou após alguns meses.
Sem ter certeza de que direção tomar na fotografia, Bernhard tornou-se então assistente de fotografia, mas achou o “darkroom”um trabalho chato, e ela logo foi demitida. Ela então trocou sua indenização por uma camera boa, e uma carreira se iniciava.




 
Pouco tempo depois, através de sua lente, itens de uso diário como anéis de cortinas colocados lado a lado e organizados no padrão do tráfico de Manhattan, e se tornou um belo estudo intitulado “Lifesavers”. Canudinhos, espalhados, se tornam raios de luz, e um cortador de ovos, se torna um braço armado levantado, se tornando “Kitchen Music”.
Assim que ela começa a se estabelecer ela se torna também parte da cena dos outsiders de  Greenwich Village, The Cotton Club, fumando cigarro e bebendo álcool de origem duvidosa. Ela ganhou um novo impulso em 1934 com o sucesso de “In the Circle”, onde uma nu de pernas cruzadas, com o rosto fora de vista, deitada em uma grande panela de metal.





No mesmo ano seu irmão mudou-se para a Califórnia para se casar e ela o seguiu. Foi lá, em um dia de 1935, enquanto fotografava na praia que ela conheceu Edward Weston. Mais tarde ela visitou seu estúdio, e, olhando o trabalho dela caiu aos prantos. “Eu não havia tirado fotografia seriamente até aquele momento. O trabalho dele me ajudou a aceitar o meu trabalho e lhe dar um valor maior.”
Ela então organizou um studio em que era um estúdio de amigos de Hollywood, entre os amigos estavam a roteirista Virginia Faulkner e Bobbi Trout ( rival de Amelia Earhart), e ela sempre curtia a companhia do musico Hall Johnson, que ela fotografou-lhe as mãos, mãos que sendo reais ou não, era uma de suas preocupações. Para ajudar no seu orçamento ela pintava cachorros de cerâmica.






Após seis meses trabalhando para a loja de departamento Sears em Chicago em 1939, ela retornou a Nova York, e la recebeu várias comissões, entre elas do Mafioso Lucky Luciano, da qual evitando o incomodo do cheque, lhe pagou quatrocentos dólares para imortalizar sua mulher e filho recém nascido. Um assunto diferente e menos bem pago, foi a filha de Tolstoi.
Bernhard teve vários romances, mas nenhum desejo de se acertar definitivamente. Uma pretendente, uma mulher alemã, estava tão embriagada que se matou: a carta em suas mãos, quando encontrada deitada sobre o fogão à gás, era endereçada a Bernhard, a quem foi pedido que identificasse o corpo.





Durante a guerra, seu pai a mandou à Florida, onde ela perseguiu seu amor por fotografar conchas. Ela patrocinou a viagem vendendo uma fotografia da Viúva de Edison.
Bernhard passou um ano fotografando conchas, viajando bastante,e  percebeu a força de uma especialização. “As pessoas irão lhe notar. Meu amor e curiosidade pelas conchas consumiu minha criatividade e energia e realmente redirecionou minha vida...Tudo foi trabalhado perfeitamente porque eu disse sim a minha intuição.”




De volta a Nova York, enquanto dançava em uma boate do Village, ela conheceu outra artista, Nascida inglesa, Evelyn Phimister, a quem ela sempre chamava Eveline. Elas se encontraram devido a uma paixão mutua por cachorros, passaram a morar juntas em um apartamento na East 26 Street, e criavam Dachshunds. Elas ficaram juntas até Phimister a deixar em 1952.
Apesar da sua saúde frágil e da tristeza da separação, Bernhard redrobou seus trabalhos fotográficos, e criou “The Eternal Body”, uma edição limitada do portfólio que estabeleceu sua reputação como fotógrafa amplamente.
O corpo era um continuo interesse: “Eu vejo o poder dos músculos e dos ossos assim como a beleza da pele. Os nus são ideais do meu próprio conhecimento do que seja ser uma mulher, não uma expressão de poder erótico, ou um objeto de amor. De fato eu nunca fotografei ninguém da qual eu estava envolvida.”
Ela também tirou fotos para “The Big Heart”, um livro sobre teléfericos de Melvin Van Peebles. Nessa façanha ela se viu como uma “Escultora com luzes”.





Esse é o conjunto do trabalho de Bernhard (onde quase tudo é em preto e branco), que mesmo tirados após décadas que eles podem ser colocados lado a lado sem distinção. Por isso poderia ter continuado se ela não tivesse, no inicio dos anos 1970, achar que seus poderes de pensar haviam diminuído. Em 1976 uma ressonância mostrou que ela sofria devido a envenenamento por monóxido de carbono – ela havia vivido com um aquecedor de água com defeito em sua cozinha.
Fotografar se tornou impossível, mas o desejo pela vida de Bernhard não diminuiu. Um piloto de caça, Price Rice, entrou em sua vida em 1967. Ele havia frequentado uma de suas aulas, e então iniciou, o que na época de sua morte em 1999, foi uma relação de 32 anos, caracterizada por viagens (particularmente para o Japão), apoio mutuo e um prazer de descoberta.
Bernhard também encontrou prazer em ensinar, provando muitas vezes ser uma inspiração aos outros assim como Weston foi a ela. Ela era insistente nessa paixão – que no sentido mais amplo – a manteve jovem.




 
Ruth Bernhard, fotógrafa, nasceu em 14 de Outubro de 1905 e faleceu em 18 de Outubro de 2006, aos 101 anos de idade.


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